LUCIA GUIOMAR TEIXEIRA CALAZANS
( Alagoas – Brasil )
Nasceu em Maceió, a 31 de julho de 1943.
Fez todos os estudos na capital alagoana, formando-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.
Numerosos cursos de aperfeiçoamento e de atualização, sobretudo no campo da psicologia e da psiquiatria, não só em seu Estado, como em Pernambuco e São Paulo. (...)
Menção honros no I Concurso de Poesia Falada do Nordeste, realizado em Aracaju (1970). (...)
Primeiro livro de poesia: Poemeu.
[ CAVALCANTI, Valdemar, org. ] 14 POETAS ALAGOANOS . POEMAS ESCOLHIDOS. Maceió: Edição do Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e Cultura, 1974. 44 p. 14 x 20,5 cm.
Ex. doado pelo livreiro José Jorge Leite de Brito
P O E M A
1 —
eu nasci só
poeta de bruma e sal
desfaço minha rima
sem rima
eu já nasci querendo
descreio na noite
e planto a vida em vagas estrelas
eu já estou cansada da lua
e do sangue que corre nas minhas veias
2 —
eu aresta viva de um corpo cortado
aperto com constância minha garganta de chumbo
ensanguentada minha face
desfeita pelas mágoas
maquino em meus olhos fixos
duros de nada
corro meus dedos em vãs procuras
descubro em tempo — já não é nada
busco as brisas e o sono
busco o marco e o ângelus
incapaz de ter
corrompo-me nos meus carinhos
eu luz opaca de quem não se faz amar
deslizo minhas garras em tentáculos de vidro
os cristais de lousa de meus amores
sempre foram perdidos
nunca vi esse menina na praia
nunca vi essa criança rindo
nunca vi um beijo na boca
eu poeta inconsútil e inconformada
de cara de vidro e olhos de pau
eu vou eu fico
eu — já é noite de sonhar
um dia meus olhos fecharão
permanecerei inerte
vou busca as brisas
um dia quente
vou morrer e nascer
se encontro na paisagem desencontro
se encontro na passagem desencontro
se encontro na paz nunca me encontro
hoje vaia a vida na partida
nasci por entre busca e sei lá
nasci de noite odi
olhei olhos turvos de ternura
nadei por entre buscas e procuras
não tenho de não ser
o que quer ser
não tenho de nascer
enfio o fino ferro já ferrugem
garanto que guardei o mar remoto
adeus a deuses sempre mortos
adeus a deuses sempre mortos
a note é noitada e partida
a vida uma vida uma vida
me fiz sempre a mesma sempre a mesma
te fiz sempre a mesma sempre a mesma
e agora?
por agora
pela ribeira
pela colina
pela entrada
pela entranha
entrei pelo buraco
da chegada da partida.
*
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Página publicada em janeiro de 2022
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